domingo, 19 de junho de 2011

Entrevista a Paulo Sousa, Treinador do Redondense



O Redondense ficou apenas um ponto à frente do Lusitano de Évora. Foi uma recta final de campeonato muito intensa?
Foi. Acabámos por decidir a subida na última jornada perante o Escoural. Éramos um “outsider” desta divisão de honra. Fortes candidatos eram o Monte do Trigo e o Lusitano de Évora, que nunca tinha ficado dois anos seguidos no Distrital. Fomos trabalhando a pouco e pouco, vendo que tínhamos possibilidade de alcançar esse objectivo, mantivemos o primeiro lugar desde a quinta jornada … Foi dos campeonatos mais competitivos, mais renhidos. Cada vez o Distrital tem mais qualidade, fruto da formação dos clubes.


Quando chegou ao primeiro lugar pensou que o Redondense poderia disputar a vitória no campeonato?
Nessa altura ainda não, apenas mais tarde quando ficámos a 6 pontos do segundo classificado, o Lusitano de Évora que perdeu em casa com o Oriola. Aí sim, verificámos que conseguíamos manter o primeiro lugar sabendo que haveria jogos difíceis. Depois ficámos só com um ponto de diferença mas a equipa estava unida, coesa, sabíamos que não havia margem de erro.

Qual foi o segredo do Redondense?
Foi tudo um pouco ... uma equipa directiva competente, com qualidade, todos a puxar pelo mesmo, a trabalhar até à exaustão, a equipa técnica com os meus colegas André Barreto e Paulinho Caraças, e os jogadores propriamente ditos que foram extraordinários.

Como foi formada a equipa?
O plantel já vinha do ano passado, já tínhamos uma base de bons atletas e bons homens. O  ano passado trouxemos o maior número possível de jogadores da terra para a equipa e este ano aliámos mais alguns que estavam a jogar noutros clubes. Chegámos a um ponto em que o técnico estava lá para gerir, o grupo era tão coeso, tão forte, estava tão unido que fazia o resto. Quando fazemos um plantel procuramos aliar ao máximo a experiência de alguns jogadores com a juventude e a irreverência de outros e isso tudo junto acaba por produzir resultados.

O plantel era dos mais fortes?
Isso é um pouco subjectivos porque pode haver bons jogadores e não termos um bom grupo,  um bom plantel. Sem uma boa  qualidade de atletas e sem um  bom grupo não conseguíamos  fazer a dobradinha, ficar em primeiro lugar e conquistar a Taça distrital. Agora, sem dúvida que havia muito bons plantéis como o do Monte do Trigo que se reforçou bastante este ano, e o Lusitano, não só pela qualidade dos atletas mas também pelo historial que tem.

Era uma das equipas mais caras do distrital?
Isso é algo que sempre suscitou a dúvida de muita gente. Não era. Tínhamos até o orçamento mais baixo das equipas que ficaram nos primeiros lugares.

A equipa continua junta?
Isso é outra questão … vai haver eleições este ano, infelizmente já tivemos duas assembleias-gerais e ainda não apareceu nenhuma lista. Quero ressalvar o excelente trabalho que esta direcção fez, acabámos por subir de divisão, ganhar a taça e acabar a época com saldo financeiro positivo. A primeira assembleia-geral aprovou as contas mas depois não houve a eleição de uma nova direcção. Fez-se uma segundo, apareceram 40 e poucos sócios, ideias, vontade de ajudar mas sabemos que a III Divisão é muito mais dispendiosa, obriga a um orçamento muito superior e é necessário o apoio das entidades competentes, como a Câmara e Junta de Freguesia, até porque a terra terá uma maior visibilidade na zona Sul do país.

Este vazio directivo pode pôr em causa a participação do Redondense na III Divisão?
Claramente, estamos um pouco receosos porque o tempo urge e não surgem soluções. Não nos podemos esquecer que a III Divisão começa mais cedo. Em finais de Agosto estamos já a competir para a Taça de Portugal, o plantel tem de ser constituído o mais rapidamente possível, é preciso planear os treinos e o início da época e essa hesitação está a deixar-nos receosos, mesmo enquanto sócio.

Este é o seu clube de eleição?
Sou daquela terra, fui criado naquela terra, tenho a máxima das simpatias por aquele clube. Não fui para o Redondo para ganhar dinheiro mas para conquistar outras coisas. Este vazio directivo deixa-me triste, não há um entendimento entre as várias partes. O Redondense foi este ano campeão em Benjamins, Iniciados e fez a dobradinha em Seniores. Isto é, num ano em que consegue três títulos e uma taça é de louvar o trabalho feito por todos mas dá-me pena este vazio directivo.

A continuação desse trabalho pode estar em causa?
Precisamente. Não nos podemos esquecer que os miúdos ambicionam jogar no plantel sénior, não faz sentido estarmos a formar jovens atletas e depois não os podermos colocar no clube da terra, aquele que eles mais gostariam de representar. Não é só a parte desportiva que está em causa é também a humana, estamos ali a formar homens. Temos muita gente ligada àquele clube.

Esta situação é recorrente nos clubes?
Sim, temos o caso do Estrela de Vendas Novas, no Redondense o ano passado aconteceu a mesma coisa, o do Juventude com a não recandidatura de Amadeu Martinho … é recorrente porque acabam por ser quase sempre as mesmas pessoas a avançar. As pessoas estão cada vez mais desligadas dos clubes.

Sérgio Major | Diana FM