quinta-feira, 7 de maio de 2015

Domingo, o futebol volta a parar o Alentejo


97 anos de vida, história provecta e realidade prometedora. O Juventude Évora lidera a corrida ao CNS na Divisão Elite distrital e pode celebrar a subida já no domingo. Do outro lado estará o Lusitano, velho rival e vizinho, a jogar em casa e num estádio cheio. 

Entusiasmo, fervor, semana especial na cidade alentejana. O Maisfutebol visita o Juventude, guiado pelo presidente António Sousa, e encontra mais duas personagens riquíssimas. 

O guarda-redes Nuno Laurentino é irmão de Hugo, guarda-redes da equipa de andebol do FC Porto, e o ponta-de-lança Wigor foi colega de equipa do benfiquista Jonas, na Portuguesa dos Desportos.   

No Estádio Sanches de Miranda prepara-se com cuidado e rigor a deslocação – curta, mas de exigência máxima - ao Campo Estrela. A três jornadas do fim, a classificação é a seguinte: 

1. Juventude Évora, 43 pontos 
2. Sp. Viana, 37 pontos 
3. Lusitano Évora, 35 pontos 
4. Redondense, 31 pontos 
5. Perolivense, 22 pontos 
6. Escouralense, 22 pontos     

«O lugar do Juventude é mais acima. Tem sido um prazer jogar no nosso distrito, porque não tínhamos contato desportivo com os clubes locais, mas o objetivo é claro: subir já ao CNS», indica ao nosso jornal o presidente António Sousa. 

Nuno Laurentino, o homem da baliza e um dos capitães, complementa a opinião do dirigente com palavras fortes. 

«Este clube não é para estar aqui [nos distritais]. Não queremos mais estar aqui. No ano passado não conseguimos subir e este ano não há volta a dar. A nossa intenção foi, desde o início, voltar aos Nacionais e estamos na reta final. Está perto». 

Rivalidade é rivalidade e, por isso, teria mesmo de surgir um recado para o vizinho Lusitano. Com bom humor e sorrisos, claro. 

«Já se ouve falar deste jogo desde a semana passada. Anda tudo a comentar a hipótese de o Juventude poder fazer a festa no campo do Lusitano. Se estiver bom tempo, vão estar de certeza umas 1500 pessoas a ver o jogo. Será um jogo digno de ser filmado e mostrado ao resto do país».  

Laurentino explica que a rivalidade vem das camadas jovens até aos seniores. E não morre, por mais do que a crise financeira e as dificuldades de sobrevivência tenham atrapalhado os últimos anos. 

«O nosso campo pelado, onde estão os escalões de formação, fica ao lado do campo do Lusitano. Acaba o nosso, começa o deles…» 
  
Mais prosaico, até por vir da cosmopolita São Paulo, Wigor fala com cautela. 

«Não dá para esconder: a ansiedade é grande! Há um entusiasmo diferente na cidade. No restaurante onde vou diariamente, a conversa é só essa: Lusitano-Juventude. Mas acho que desta vez vai dar, o Juventude vai mesmo subir».       

Despertar de memórias, contos de boca em boca, Évora recupera dérbis e um não sai da cabeça dos mais antigos. 

Época 1951/52, Juventude e Lusitano a disputarem o acesso à I Divisão Nacional. Ao intervalo, choque e lágrimas no pelado do Sanches Miranda: o visitante Lusitano vencia 1-4. Na segunda parte, recuperação fantástica e no final um empate de loucos, 5-5. 

Sobe o Lusitano – com o Vitória Setúbal – ao escalão máximo, por ter vantagem no número de golos marcados: 66 contra 64 do Juventude, ambos com 28 pontos. 

O Lusitano fica 14 épocas consecutivas na I Divisão (1952-1966), o Juventude nunca lá chegou - já agora, o último clube alentejano na I Divisão foi o Campomaiorense, em 2001. 

«Estivemos muitos anos na II Divisão, na II B, na III. Somos um clube referência, quase centenário, e sempre jovem, como indica o nome», sublinha o presidente António Sousa. 

«A nossa direção tomou posse a 26 de maio de 2014 e já resolvemos vários problemas. Outros ainda não. Há falta de apoios e de compreensão dos agentes políticos e sociais. Não é reconhecido o papel do nosso clube, nem de outros, na formação social e desportiva». 

O Juventude pretende, através dos resultados desportivos, projetar o clube e posteriormente a região. 

«Não queremos um sucesso egoísta. Beneficiaremos por arrastamento os clubes alentejanos. As vitórias só ajudam e pretendemos que os evorenses gostem do Juventude, antes de gostarem dos três grandes de Portugal. Ganhar para descentralizar».    


Notícia retirada daqui