segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Crise no Lusitano ficará resolvida até ao fim do ano

“O Lusitano atravessa uma fase muito má”. Quem o garantiu foi o presidente do Lusitano Ginásio Clube, Manuel Porta, em entrevista ao Registo.
A “má gestão” de anteriores direcções e o “descuido” no tratamento das receitas geradas conduziram o clube eborense a “uma situação quase insustentável”.
“Não quero atacar seja quem for, porque não está aqui ninguém para se defender” mas “há um facto que não posso deixar de realçar que é a situação dramática em que as últimas direcções deixaram o clube”, lamentou o actual presidente.
Embora se considere apaixonado pelo clube, por diversas razões, o presidente considera inadmissível a situação em que se encontra aquele que já foi um dos mais majestosos clubes desportivos da região. “Encontrei o clube à beira do abismo”, lamentou.
“Gastou-se, desmesuradamente, dinheiro que entrou com muito facilidade, resultante do negócio imobiliário, e não se cuidou de manter as outras receitas”, disse o dirigente desportivo.
Este ajuste conduziu o clube a mudar de instalação para o complexo desportivo construído na Herdade da Silveirinha.
Esta infra-estrutura está localizada a cerca de quatro quilómetros de Évora, outrora recebeu o estágio da selecção nacional de futebol para o Campeonato da Europa de 2004. “Sair daqui para um lugar a cerca de quatro quilómetros da cidade é mau porque muitos dos sócios deixaram de comparecer nos jogos”, afirmou.
“Estes clubes vivem dos sócios”, afirmou frisando que “têm que oferecer alguma coisa aos sócios”. “Hoje em dia, verificamos que o Lusitano pouco tem para oferecer aos sócios” porque “está numa situação má, financeiramente”, lamentou Manuel Porta que acrescentou que o clube “não tem sequer uma sede onde os sócios possam reunir”.
O Lusitano debate-se com outro problema infra-estrutural. Não tem sede própria. O presidente do clube admitiu que a ausência de uma sede do Lusitano na cidade tem vindo a afastar os sócios, visto não terem um local onde se possam reunir, conviver e discutir os temas do clube. “Os sócios dos clube têm-se afastado gradualmente”, garantiu o dirigente culpabilizando, mais uma vez, as direcções desportivas que o precederam. “As últimas direcções nada fizeram para cativar a massa associativa” porque dos “três mil sócios, no papel, só metade é que pagam cotas”, lamentou.
A ausência das “receitas regulares da cotização e o fecho da torneira do dinheiro, proveniente do negócio imobiliário”, conduziu o clube ao rol das« dívidas intermináveis. “Há dívidas a funcionários, a atletas, a treinadores e a fornecedores”, afiançou o presidente lusitano afirmando que tem “estado a tentar encontrar soluções”.
Questionado sobre a proveniência dessas soluções, o dirigente desportivo afirmou que a autarquia tem, prontamente, ajudado o clube através de um “contrato de programa” celebrado entre as duas entidades.
Além desta, Manuel Porta garantiu estar a fazer esforços para contactar empresas e celebrar com elas contratos de patrocínio que promovam a “participação de entidades empresariais” em acções desportivas. A dificuldade aliada à crise, ainda sentida em diversos sectores, leva o dirigente a afirmar que é difícil alcançar o patrocínio empresarial
“porque as empresas estão a atravessar serias dificuldades”.
O presidente acredita que conseguirá inverter esta situação de declínio até ao final do ano porque a época de futebol da terceira divisão é pequena e no final é a melhor altura para “reanimar e procurar receitas” para alavancar o clube das dificuldades financeiras.
Das modalidades que abarca, o futebol, a esgrima, o ténis e o motorismo, o Lusitano Ginásio Clube destaca-se pelo futebol e respectivas formações desportivas organizadas por escalões, ainda que a esgrima venha a obter bons resultados em campeonatos nacionais e internacionais. Manuel Porta frisa que “um dos departamentos que tem funcionado bem é o departamento de formação”. O clube “tem uma escola de formação desportiva muito boa”, acrescentou explicando que esta foi uma das razoes que o levaram a aceitar o cargo que hoje ocupa como presidente do clube.
Sobre a eventualidade de alargar o leque de ofertas desportivas do clube, Manuel Porta garantiu que não há hipóteses financeiras para criar outras modalidades, a menos que estas sejam “auto-suficientes”. O futebol sénior continua a ser o maior encargo do clube. “No ano transacto o orçamento da equipa de futebol sénior era de 130 mil euros anuais”, cita fonte da direcção do clube. Para este ano, a direcção considerou, após a revisão das contas, uma brusca redução no orçamento destinado àquela modalidade. Para a época 2009/2010 o orçamento disponível para o futebol sénior é, aproximadamente, de 50 mil euros, menos 80 mil que no ano anterior.
Esta redução foi, na opinião do director, necessária para tentar equilibrar aos poucos as contas do clube. Por outro lado, Manuel Porta congratula o clube pelo empenho e resultados que tem apresentado nas diversas modalidades. “A época está a começar muito bem”, garantiu o presidente do clube frisan- Manuel Porta Presidente da direcção do Lusitano Ginásio Clube do que têm “um plantel renovado quase a 80 por cento” que já se encontra completo e fechado. O resultado obtido frente ao Ribeirão, duas bolas a uma, reflecte, na opinião do dirigente, a boa forma técnica e física dos jogadores e respectivos dirigentes técnicos.
“Temos uma equipa de futebol sénior que está a trabalhar muito bem”, considerou o presidente afirmando que a crise financeira do clube não está a afectar a prestação dos atletas nem da equipa técnica. O “núcleo de atletas muito bom e cumpridor”, disse ressalvando que “os outros escalões de formação têm granjeado muito prestígio a nível regional e nacional”.
Todavia, o presidente do clube não considera que o clube esteja preparado para lutar pelo título ou pela subida de divisão nesta época.
“Ainda não estão reunidas as condições para a conquista de títulos” porque “é uma equipa muito jovem” e seria “prematuro falar em subidas de divisão”, disse. “Este ano não temos, ainda, condições para lutar pelo título” mas “talvez daqui por um ou dois anos possamos falar na subida de divisão”.
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